De todas as
formas de atropelos ao real e bom funcionamento de uma Democracia, cujo berço
convém não esquecer está num país que tem andado nas bocas da Europa, é quilo
que chamo de Ditadura das Dinastias.
Ao longo destes
37 anos desde 74, tem havido uma, de certa forma encapotada, “Monarquia” de
interesses que tem minado o crescimento de um País por si só já atrasado, que
se tem comportado, tanto na Política como na Sociedade, como um vírus com um
efeito nefasto para a maioria e que tem apenas servido o interesse de alguns,
que na sua soma não são assim tão poucos.
Estes são os
principais responsáveis por outra doença Democrática que é o abstencionismo
eleitoral, porque “o normal desenrolar da situação” os protege e permite que
continuem na sua senda dinástica de protecção dos seus umbigos e na colocação
dos seus filhos, sobrinhos, enteados e afilhados nos lugares mais apetecíveis,
num verdadeiro jogo da cadeira atribuída.
Por toda a
Administração Pública, empresas do estado e Câmaras Municipais, são fáceis de
identificar os Sobre e Cognomes destes numa simples análise às listas de
“seleccionados” aos concursos de quadros, numa verdadeira manipulação do jogo,
a favor dos seus. Recentemente numa lista de colocações numa Empresa que ainda
é pública, motor da nossa Economia, divulgada após um alegado concurso, fazer
uma árvore genealógica dos resultados, era um exercício óptimo para crianças do
Ensino Básico. Repartições de Finanças, Segurança Social, CGD, EDP, são alguns
dos exemplos de uma lista infindável, onde o Pai coloca o Filho, o Tio o seu
Sobrinho, a Democracia a Dinastia.
Se no privado,
tal prática é vista como natural, até defendido por alguns como um bom exemplo,
o que suspeito não estar a dar grandes frutos, dados os resultados da maioria
das nossas empresas, no sector público, considero tal, uma forma de crime para
as novas gerações que não tem ou por sensatez não usam as suas cunhas ou
cunhados.
Um dos
principais argumentos que corre para defender tais comportamentos, é a lógica
do “se não fosse eu, seria outro que poderia não ser melhor do que eu”. Certo,
compreendo que tal conforte os espíritos de quem utiliza o poder dinástico, mas
creio não passar disso, um conforto unipessoal. De fora ficam formas e
processos de selecção verdadeiramente transparentes, uma lógica de inclusão de
todos no que a todos pertence e principalmente a defesa da economia, de
interesses instalados.
Por muitos
sacrifícios que se peçam, por muitas medidas mais ou menos alucinadas que se
proponham, será difícil fazer Portugal, as suas instituições e empresas
crescerem enquanto vivermos em Ditadura, a Ditadura das Dinastias.
Luís Miguel
Santos
15 de Fevereiro
de 2012
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